esponsáveis por 20% dos casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul no ano passado, Dourados e Corumbá terão sede da Casa da Mulher Brasileira. Investimento de mais de R$ 20 milhões para a construção das unidades foi assinado ontem, em evento que contou com a participação da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
No ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Dourados registrou quatro casos de feminicídio e Corumbá registrou dois casos, enquanto em todo o Estado foram notificados 30 casos. Campo Grande, maior cidade de MS, teve oito feminicídios.
Com uma população feminina de 123.623 pessoas, segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Dourados registrou, no ano passado, um crime contra mulher a cada 65 mulheres que vivem no município, enquanto Corumbá, que tem a população feminina de 48.578 pessoas, registrou um crime contra mulher a cada 45 mulheres.
Ao todo, Dourados teve 1.683 casos de violência doméstica registrados em 2023, 211 casos de estupro e quatro feminicídios. Em 2022, houve 1.552 casos de violência doméstica, 186 ocorrências de estupro e dois feminicídios. Ou seja, todos os crimes de violência contra mulher aumentaram na cidade.
Em 2023, Corumbá registrou 991 casos de violência doméstica, 83 casos de estupro e dois feminicídios, enquanto em 2022 foram notificadas 944 ocorrências de violência doméstica, 94 casos de estupro e dois feminicídios.
O número de estupros teve queda de 11,7% em 2023, em comparação com o ano anterior, os casos de violência aumentaram e os de feminicídio se mantiveram.
As unidades de Dourados e Corumbá serão nos moldes da unidade da Capital. A ministra Cida Gonçalves afirmou em entrevista coletiva que serão investidos R$ 16 milhões na construção da unidade de Dourados e R$ 7,5 milhões na de Corumbá, valores esses que já foram repassados ao Estado.
Além disso, a ministra também revelou que será feito um investimento de R$ 2 milhões após a construção, o qual será direcionado para a gestão da Casa, além de R$ 31 milhões, para manutenção e funcionamento.
O governo de MS também sinalizou uma contrapartida de cerca de R$ 375 mil para as unidades, e o governador, Eduardo Riedel, ressaltou que MS tem mobilizado estruturas para que o acolhimento aconteça com agilidade.
A delegada Ana Cláudia Pimentel Malheiros, titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) em Dourados, aponta que as principais dificuldades encontradas no combate à violência doméstica na cidade é o atendimento interdisciplinar que ocorre muitas vezes após a denúncia.
“Uma parte considerável das mulheres que registram ocorrência ou que buscam auxílio na delegacia está buscando um apoio psicológico, social, e nós da DAM aqui em Dourados não temos ainda uma equipe de profissionais que possa prestar esse atendimento integral”, relatou.
A titular pontua que a equipe realiza encaminhamentos para outros setores que prestam os atendimentos especializados, como a Defensoria Pública e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Entretanto, alguns desses locais são distantes e acabam dificultando e desencorajando as vítimas a buscarem auxílio.
“A Casa da Mulher Brasileira aqui em Dourados representa um avanço no combate à violência doméstica, ao concentrar o atendimento à vítima em um só lugar e concretizar o modelo de atendimento integral disposto na Lei Maria da Penha”, destacou a delegada. (Colaborou Naiara Camargo)