O terceiro levantamento da safra 2025/26 revelou uma redução na produção de cana-de-açúcar no mês de outubro, com relação ao ciclo anterior. O relatório estima uma produção de 666,4 milhões de toneladas, uma redução de 1,6%.
Essa diminuição acontece por causa de restrições hídricas observadas nas fases de desenvolvimento das lavouras em 2024, especialmente na região Centro-Sul do País, em decorrência do cenário climático caracterizado por chuvas irregulares e excesso de calor, contribuindo para focos de incêndio que afetaram parte dos canaviais.
Mesmo com o cenário de queda, Mato Grosso do Sul apresentou uma alta de 6,3% em produção da cana-de-açúcar com relação à safra 2024/25, atingindo 52.381,8 toneladas, a segunda maior do Centro-Oeste.
Para essa safra em todo o País, estão previstos 8.974,6 mil hectares destinados à colheita, um crescimento de 2,4% sobre a área colhida no ciclo anterior, de acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, o clima menos favorável ainda impacta na produtividade, que deve apresentar uma redução de 3,8%.
Essa redução de produtividade também deve ser observada na região Centro-Oeste, segunda principal região produtora. Em razão das condições climáticas desfavoráveis no período de desenvolvimento das lavouras, a produtividade deve apresentar uma queda de 1,9%, resultando em 77.024 quilos por hectares.
Por outro lado, a área colhida está estimada em 1,96 milhão de hectares, um crescimento de 6% sobre a safra anterior. Com isso, a região deve atingir 151 milhões de toneladas destinadas ao setor sucroenergético, o que representa um crescimento de 3,9%.
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso do Sul sofreu com a escassez de matéria prima nesse período em razão das más condições climáticas. Os volumes de chuva abaixo do esperado entre julho e agosto e episódios de geada ao longo de julho na região Centro-Sul afetaram a qualidade da cana-de-açúcar além de ocasionar queimadura nas folhas e danos em áreas mais jovens, sendo necessário o replantio em algumas áreas.
Em razão disso, houve atraso na colheita. Assim, uma parte das unidades deve estender suas operações até meados de dezembro.
Já na região Norte, os registros de chuva em julho e agosto favoreceram a brotação da cana recém-colhida, auxiliando na redução de focos de incêndio, um comportamento atípico para o período.
No entanto, a partir de setembro e outubro, esse padrão se tornou mais irregular, gerando instabilidade no desenvolvimento das lavouras.
Mesmo assim, o Estado apresentou aumento em área plantada (6,2%), produtividade (0,1%) e em produção (6,3%), chegando a 52.381,8 mil toneladas na safra 2025/26.
Com relação às pragas, houve ocorrências pontuais de broca e cigarrinha, mas não causaram estragos por causa do monitoramento contínuo.
Também foi percebida uma incidência menor de murcha-da-cana em relação à safra anterior.
Por outro lado, os registros de Sphenophorus levis, o chamado bicudo da cana-de-açúcar, aumentaram.
Mesmo com os percalços, a perspectiva de produção para a atual temporada é positiva, com expectativa de resultados superiores aos do ciclo anterior.
Assim, diante do cenário atual e do bom desempenho dos cultivos de segunda safra, algumas indústrias sucroenergéticas planejam diversificar suas atividades implantando novas unidades para a produção de etanol a partir do milho.
Outros produtos
O menor volume de cana de modo geral no Brasil barra o aumento esperado na produção de açúcar. Mesmo assim, sua produção está estimada em 45 milhões de toneladas, um aumento de 2% em relação à safra anterior.
Confirmado o resultado, este deve ser o segundo maior volume na série histórica, ficando atrás apenas da temporada 2023/24, quando foram produzidas 45,68 milhões de toneladas de açúcar.
Com relação ao etanol, a produção a partir da cana-de-açúcar e do milho deve atingir 36,2 bilhões de litros, uma redução de 2,8% com relação ao resultado em 2024/25. Isso é resultado da diminuição de 9,5% do combustível vindo da cana, chegando a 26,55 bilhões de litros, enquanto a fabricação do etanol vindo do milho deve registrar um aumento de 22,6%, estimada em 9,61 bilhões de litros.